13/09 - Paraolimpíadas - Dia 7
12/09 - Paraolimpíadas - Dia 6
11/09 - Paraolimpíadas - Dia 5
Tomei o café de sempre, escutando música e fui ao Cubo treinar. Fiz alguns tiros de borboleta, no ritmo, além, de uma série de velocidade e outra de fundo. Continuei no Cubo para ver as eliminatórias. Moisés nadou o 50m peito S4 , Daniel S5 e André S10 nadaram os 200 medley, todos se classificando para a final a tarde.
Voltei pra vila para receber minha mãe, tia e irmão que vieram me visitar e conhecer a morada dos atletas. Recebi eles na zona internacional, todos estavam contentes por estar lá, e eu por eles estarem comigo. Andamos por toda vila, levei eles em todos os cantos, salão de jogos, internet, academia, lavanderia, no meu apartamento, na piscina da vila, nas salas de televisão, na ottobock, que é a loja onde vende as órteses, próteses, cadeiras de rodas, no escritório da delegação brasileira, nas lojas de artesanato e suveniers. Só não consegui colocar eles no refeitório pois é proibida a entrada de convidados, mas demos um jeito.
Eu e Murilo fomos até o Mc Donalds pegamos três sanduíches com batata frita, além de pizza, salada,rolinhos de carne de pato, sorvete, coca cola, chá e café. Fizemos um piquenique ao ar livre, almoço melhor impossível. Levei eles até a porta e me despedi. Agora só vou revê-los no dia 15.
Foi muito bom sair da rotina e estar com os familiares. Já estou com muita saudades de minha filha, esposa, pai, casa, amigos, cachorros, Salvador e por assim vai. Fiz parte de minha preparação no México, passando 25 dias lá, voltei para Salvador, fiquei 2 dias e agora estou na China, uma viagem que vai durar um total de 29 dias. Muito tempo longe de casa. Muito bom né? Mas da saudades.
Voltei para o quarto e cochilei. Às cinco voltei ao Cubo, nadei mil metros bem leve para soltar a musculatura pois andei muito hoje, me juntando a torcida brasileira para assistir as finais. Daniel abriu a porteira do dia, conquistando medalha de ouro com recorde mundial nos 200 medley S5, depois foi André conquistando a prata também nos 200 medley S10. O dia foi especial para o remo brasileiro, o baiano Elton conquistou a medalha de bronze no barco duplo. Grande figura esse rapaz, gente finíssima.
Voltamos a vila, fui na internet para escrever o dia de hoje e agora vou jantar, para logo em seguida ir para o quarto, tomar banho, ler e dormir, pro dia nascer feliz. Até amanhã.
10/09 - Paraolimpíadas - Dia 4
Hoje amanheceu com dia bonito, por incrível que pareça o céu estava azul. Nos últimos dias além da chuva, a poluição cobria Pequim com uma névoa cinza, muito estranha. O sol, quando se vê, fica opaco atrás das nuvens, parecendo uma medalha de ouro. Você pode olhar fixamente nele que não fica com as vistas doendo.
Levantei às sete horas, me pesei na academia, e fui tomar café. Fui ao Cubo fazer um treino, fiz duas séries de ritmo e alguns tiros de velocidade, estou me sentindo bem. Agora só nado no dia 15 o revezamento 4x100m medley, fazendo o nado borboleta e os 400m livre, a mais esperada de todas, minha prova principal, que abriu as portas para eu estar aqui.
Pela manhã fiquei assistindo as eliminatórias onde Clodoaldo e Daniel nadaram a prova dos 50m borboleta S5, ambos se classificaram para a final. Carlão, S13, categoria de deficientes visuais, também se classificou para final nos 100m livre, com um excelente tempo. A única coisa que me deixou chateado foi que o revezamento 4x100m livre não teve eliminatória, indo direto para a final, pois só tinham oito países inscritos. Se tivessem nove, teria eliminatória e eu nadaria substituindo um dos atletas, para poupá-lo para final. Que pena, mas fazer o que, coisas da vida. Nem sempre as coisas são como a gente quer.
Devido ao numero exato de equipes participando do Revesamento 4x100m (08 equipes) a organizacao da competicao cancelou as eliminitarorias e inscreveu todas as equipes na final que acontecera pela tarde (horario da China).
Como Marcelo iria participar apenas das eliminatorias pela Equipe Brasileira, o mesmo nao estara nadando nas finais hoje.
As proximas competicoes do Marcelo acontecerao na noite do dia 14/09 (Brasil).
09/09 - Paraolimpíadas - Dia 3 - 100m LIVRE
Soltei para dar uma relaxada na outra piscina, pensando muito no acontecido, querendo muito outra chance que não existe. Fui até a torcida para dar um beijo em meus familiares, voltando para a vila logo em seguida. Almocei, fiz uma massagem na fisioterapia e fui descansar, estava com dor de cabeça.
08/09 - Paraolimpíadas - Dia 2
Fiquei para ver a eliminatória dos 100m borboleta S10, prova bem disputada onde André Brasil se classificou com o melhor tempo e quebrou o recorde paraolímpico. Daniel Dias se classificou também para a final.
Voltei a vila e fui direto para o quarto. Fui me raspar, fiquei lisinho. Esse procedimento é essencial para nós nadadores, nos deixando com mais sensibilidade e mais rápidos dentro da água. Além disso, a raspagem do corpo meche com o pscicológico do nadador, deixando-o mais apto mentalmente a atingir um melhor resultado. Eu por exemplo me raspo duas vezes por ano, só em competições importantes, assim consigo sentir a diferença e o beneficio que traz esse método.
Treino sempre com duas sungas bem grandes para fazer peso e arrasto. Quando chega a competição, nossa, a diferença é enorme. Descansei um pouco no quarto indo almoçar ao meio dia.
Hoje não faço nada além do essencial. Tomei uma massagem para tirar um pouco da tensão pré-prova, estou um pouco ansioso, quero nadar logo. Treinamos quatro anos para estar naquele dia naqueles segundos o melhor possível. Eu quero estar bem amanhã.
Tornei a descansar pela tarde, levantando as quatro e meia para ir assistir a final. André Brasil nadou a primeira prova das finais, 100m borboleta, ficando com o ouro, estabelecendo novo recorde mundial. Já Daniel Dias ganhou seu segundo ouro nos 50m costas. A natação como sempre dando o que falar.
Voltei para vila e fiz um jantar bem leve, agora estou aqui no salão da internet acabando de escrever esse dia. Vou dormir cedo esperando um amanhã repleto de realizações, muitos estão torcendo e rezando por mim, familiares, amigos, técnico e conhecidos. Vocês tenham a certeza que darei o meu melhor. Obrigado a todos.
07/09 - Paraolimpíadas - Dia 1
O trajeto até o estádio foi muito rápido, olhando pela janela muitas pessoas acenavam em nossa direção, voluntários, crianças, adultos. Gente do mundo todo. Ficamos do lado de fora do ninho de pássaro, aguardando em bancos a hora de entrar. Durante essa espera, foi servido um lanche que veio dentro de um saco, com pão, bolacha, chocolate, salgadinho, banana e leite. Tudo muito bem organizado, como tudo que tenho visto por aqui.
As oito horas se deu início a festa. Falei com minha mãe por telefone e ela já estava sentada na arquibancada com minha tia e meu irmão. A adrenalina já estava tomando conta do meu corpo.
As oito em ponto começou a cerimônia. Fogos de artifício deram início a tudo. Quando escutei e vi os fogos, me arrepiei todo, senti algo impossível de descrever, tudo de bom, me senti bem. Estávamos ainda do lado de fora. O Brasil estava marcado para ser o 28º país a entrar, quando deu oito e vinte a delegação começou a andar em direção ao túnel que da acesso a pista de atletismo. Ao entrarmos no túnel, ouvia-se todo mundo gritar o nome do Brasil, parecia torcida organizada. Já se via ao fundo parte das arquibancadas lotadas, a emoção já me tomava por completo, os olhos enchiam de lágrima, nada de melhor podia me acontecer naquele momento.
Quando pisei na pista, e pude reparar ao todo meu redor aquela imensidão, um formigueiro, fiquei extasiado, pulando e gritando que nem uma criança. Demos a volta quase completa pela pista, filmei tudo e tirei algumas fotos, não queria que aquele momento acabasse.
Nos encaminharam para a parte inferior das arquibancadas, um lugar bom de ver a festa, bem de perto. Ao chegar na cadeira, tinha uma sacola nos esperando com o programa da abertura e alguns brindes incluindo lanternas que nos proporcionaram interagir durante a festa. Nunca vi um espetáculo dessa magnitude, a abertura das Paraolimpíadas de Atenas não chegou nem aos pés dessa, muita tecnologia, apresentações fantásticas, muito bem ensaiadas, impressionante mesmo, milhares de atores, dançarinos, crianças fazendo coreografias muito bem sincronizadas. Os fogos, atores levitando sobre o estádio, presos em cordas. A arte visual estava muito bem elaborada.
Depois do juramento dos atletas e do astiamento da bandeira do Comitê Paraolímpico Internacional, entrou a tocha paraolímpica, que foi revezada por cinco atletas paraolímpicos da China. A penúltima foi entregue a uma atleta deficiente visual que foi guiada por seu cachorro guia. Foi muito lindo ver aquela cena, essa por sua vez, entregou a tocha ao último atleta. Ele recebeu a chama em uma cadeira de rodas, com um adaptador para portar a tocha. Através de seu esforço, com as duas mãos, ele começou a ganhar as alturas puxando uma corda que se posicionava na sua frente em direção a pira, uma técnica de alpinismo que o fez chegar com muito esforço até a parte mais alta do estádio, fazendo com que ele acendesse a pira. Foi incrível!!!! O estádio todo ficou de boca aberta aplaudindo sem parar.
Desse modo acabou aquele que foi sem dúvida um dos maiores espetáculos que já assisti até hoje.
Na saída do estádio dei uma entrevista junto com Mauro e André para a Tv Bandeirantes e voltamos para a vila no mesmo ônibus em que viemos, mas agora com todos os países misturados. Chegamos por volta das onze e meia e caminhamos ao refeitório. Comemos e fomos para a cama dormir.
Hoje acordei as nove e meia, quis descansar um pouco mais, devido a abertura de ontem. Alguns colegas meus já foram competir hoje. Pela manhã, aconteceu as eliminatórias e seis se classificaram para as finais.
Fui tomar café da manhã, levei as roupas para lavar e caminhei para internet para ler notícias e me distrair um pouco. Almocei e fui tirar uma sesta até a hora de sair para a competição, fazer meu penúltimo treino antes de minha prova, depois de amanhã.
Cheguei no Cubo às quatro, alonguei e cai para fazer um treino bem curto, com alguns educativos e um tiros de velocidade. Depois que acabei, fiquei para assistir as finais que começou as cinco da tarde daqui e seis da manhã ai no Brasil. Foi emocionante ver o Cubo completamente lotado, os brasileiros foram bem, mas só um conseguiu medalha. Como eu já previa, Daniel Dias, esse menino é endiabrado. Ganhou o ouro e abriu o quadro de medalhas do Brasil com um recorde mundial nos 100m livre. Vocês ainda vão escutar falar muito nele. Foi muito bom ouvir o Hino Nacional.
Voltamos a vila, jantei e vim novamente para internet escrever tudo que se passou da abertura até agora. Vou tirar aquela soneca agora, quero estar bem para terça. Até amanhã.