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13/09 - Paraolimpíadas - Dia 7

Hoje o dia amanheceu nublado, sai do apartamento as seis e quarenta para tomar o café da manhã, a essa hora já tem muitas pessoas circulando pela vila, peguei o ônibus em direção ao Cubo. Chegando lá, alonguei e aqueci para começar o treino. Vai chegando o dia da competição o treino vai diminuindo, hoje só teve uma curta série de ritmo com alguns educativos para aprimorar o estilo. Estou cada dia me sentindo mais leve, louco para cair nos 400m livre, não paro de pensar, toda hora me visualizo na prova, agora só faltam dois dias. Meu aniversário está chegando, dia 17 e como sempre, comemoro longe de casa. Em 2004, comemorei na abertura das paraolimpíadas de Atenas e agora vou comemorar no dia do encerramento das paraolimpíadas de Pequim. Assisti as eliminatórias onde todos que nadaram hoje se classificaram, cinco no total, entre eles a baiana Verônica Almeida nos 50m borboleta e André Brasil nos 100m costas. Voltei a vila, passei na fisioterapia e tomei uma massagem, que diga-se de passagem foi uma delícia. Almocei, peguei minhas roupas na lavanderia e fui para o quarto ler e tirar uma sesta. As cinco horas fui para o Cubo assistir as finais da natação, todos os dias tem lotado e fico impressionado como cabe tanta gente naquele local. Quando algum chinês disputa prova, a torcida faz muito barulho, com um grito de guerra assim: Chino tu tu tu, Chino tu tu tu..., tudo muito bem organizado, com mãozinhas pra cima ao mesmo tempo, batidas de mão, parecendo uma coreografia e um coral muito bem afinado. Acho que eles passaram quatro anos treinando isso, só pode. Conseguimos uma medalha de bronze com Verônica, a segunda da Bahia nessa paraolimpíada, numa prova emocionante, todos vibraram muito, o principal responsável por tudo isso foi nosso técnico Murilo Barreto, que dá o que tem e o que não tem pelo seus atletas. Voltei a vila indo direto a janta, comi uma salada de entrada e um pouco de macarrão. O refeitório não para, fica 24hr no ar, sempre com funcionários atentos e rápidos trabalhando para nosso conforto. Agora estou na internet, digitando mais um dia; em que um dia sentirei saudades, por isso, tento viver ao máximo esse momento, aproveitando tudo e todos. “Um mundo, um sonho”. Todos vivendo junto o espírito paraolímpico. Que bom estar aqui! Agora é hora de ir para outros sonhos, onde fecho os olhos e encosto a cabeça no travesseiro. Até amanhã.

12/09 - Paraolimpíadas - Dia 6

Acordei as seis e meia, arrumei a mochila para o treino, tomei café e peguei o ônibus para o Cubo. Cai na água mais cedo hoje, fiz o treinamento na piscina de competição. Normalmente só nada nela quem vai competir no dia, não era o meu caso. Fiz uma série de ritmo de craw e outra de borboleta, no final dei uns tiros de velocidade, estou me sentindo bem. Quinze para as nove, a piscina é fechada, como todo dia, para que as nove se inicie as eliminatórias. Nesse meio tempo, o mascote das paraolimpíadas, que é uma vaquinha colorida, se apresenta para o público através de um chinês fantasiado com uma roupa inflável, nunca vi algo assim, muito engraçado, ela entra correndo e fica dançando de um lado para o outro animando o público. Temos que sair da área de competição onde só ficam os árbitros, funcionários e os atletas que vão nadar. Fiquei na torcida aguardando meus amigos nadarem. Valéria de apenas 14 anos, a mais jovem da delegação se classificou para a final nos 400m livre S8, além dela, Fabiana Harumi nos 100m livre S 11 ( classe para deficientes visuais ), Daniel dias e Ivanildo nos 100m peito SB 4 e por fim o anão Danielson no também 100 m peito SB 6.Voltei a vila, almocei e fui descansar. As cinco horas fiz uma massagem na fisioterapia e logo em seguida fui a sala de televisão para assistir as finais, não quis ir ao Cubo, fiquei com preguiça hoje. Do lado da internet, existem várias salas com TVs gigantes que transmitem todas modalidades das paraolimpíadas, só faltou uma pipoca. O único medalhista de hoje foi Daniel Dias que conquistou a prata nos 100m peito SB 4. Não teve uma prova que ele nadou e saiu sem medalha. As sete fui ao refeitório e jantei na parte onde fica a cozinha italiana, comi uma pizza deliciosa com a massa fininha, voltei para internet onde escrevi o diário de hoje, sem muitas novidades. Agora, nove horas vou para o quarto, ler um pouco até dormir. Até amanhã.

11/09 - Paraolimpíadas - Dia 5

Hoje levantei no susto!!!! Meu treinador Murilo me acordou de uma maneira rude, bateu com força na porta do quarto que estava trancada, pensei que o mundo tava desabando sobre mim, tamanho barulho e trepidação. Em Atenas-2004, nas paraolimpíadas, houve um caso semelhante, só que foi pra valer. Naquele episódio, acordei assustado, às seis da manhã com um pequeno tremor de terra, que fez vibrar a cama e a parede. Foi incrível, pois nunca tinha vivenciado um pequeno tremor de terra.

Tomei o café de sempre, escutando música e fui ao Cubo treinar. Fiz alguns tiros de borboleta, no ritmo, além, de uma série de velocidade e outra de fundo. Continuei no Cubo para ver as eliminatórias. Moisés nadou o 50m peito S4 , Daniel S5 e André S10 nadaram os 200 medley, todos se classificando para a final a tarde.



Voltei pra vila para receber minha mãe, tia e irmão que vieram me visitar e conhecer a morada dos atletas. Recebi eles na zona internacional, todos estavam contentes por estar lá, e eu por eles estarem comigo. Andamos por toda vila, levei eles em todos os cantos, salão de jogos, internet, academia, lavanderia, no meu apartamento, na piscina da vila, nas salas de televisão, na ottobock, que é a loja onde vende as órteses, próteses, cadeiras de rodas, no escritório da delegação brasileira, nas lojas de artesanato e suveniers. Só não consegui colocar eles no refeitório pois é proibida a entrada de convidados, mas demos um jeito.

Eu e Murilo fomos até o Mc Donalds pegamos três sanduíches com batata frita, além de pizza, salada,rolinhos de carne de pato, sorvete, coca cola, chá e café. Fizemos um piquenique ao ar livre, almoço melhor impossível. Levei eles até a porta e me despedi. Agora só vou revê-los no dia 15.



Foi muito bom sair da rotina e estar com os familiares. Já estou com muita saudades de minha filha, esposa, pai, casa, amigos, cachorros, Salvador e por assim vai. Fiz parte de minha preparação no México, passando 25 dias lá, voltei para Salvador, fiquei 2 dias e agora estou na China, uma viagem que vai durar um total de 29 dias. Muito tempo longe de casa. Muito bom né? Mas da saudades.

Voltei para o quarto e cochilei. Às cinco voltei ao Cubo, nadei mil metros bem leve para soltar a musculatura pois andei muito hoje, me juntando a torcida brasileira para assistir as finais. Daniel abriu a porteira do dia, conquistando medalha de ouro com recorde mundial nos 200 medley S5, depois foi André conquistando a prata também nos 200 medley S10. O dia foi especial para o remo brasileiro, o baiano Elton conquistou a medalha de bronze no barco duplo. Grande figura esse rapaz, gente finíssima.

Voltamos a vila, fui na internet para escrever o dia de hoje e agora vou jantar, para logo em seguida ir para o quarto, tomar banho, ler e dormir, pro dia nascer feliz. Até amanhã.

TV Collet::: Relembrando a Materia da Sportv

10/09 - Paraolimpíadas - Dia 4


Hoje amanheceu com dia bonito, por incrível que pareça o céu estava azul. Nos últimos dias além da chuva, a poluição cobria Pequim com uma névoa cinza, muito estranha. O sol, quando se vê, fica opaco atrás das nuvens, parecendo uma medalha de ouro. Você pode olhar fixamente nele que não fica com as vistas doendo.


Levantei às sete horas, me pesei na academia, e fui tomar café. Fui ao Cubo fazer um treino, fiz duas séries de ritmo e alguns tiros de velocidade, estou me sentindo bem. Agora só nado no dia 15 o revezamento 4x100m medley, fazendo o nado borboleta e os 400m livre, a mais esperada de todas, minha prova principal, que abriu as portas para eu estar aqui.

Pela manhã fiquei assistindo as eliminatórias onde Clodoaldo e Daniel nadaram a prova dos 50m borboleta S5, ambos se classificaram para a final. Carlão, S13, categoria de deficientes visuais, também se classificou para final nos 100m livre, com um excelente tempo. A única coisa que me deixou chateado foi que o revezamento 4x100m livre não teve eliminatória, indo direto para a final, pois só tinham oito países inscritos. Se tivessem nove, teria eliminatória e eu nadaria substituindo um dos atletas, para poupá-lo para final. Que pena, mas fazer o que, coisas da vida. Nem sempre as coisas são como a gente quer.

Voltei para a vila e caminhei até o escritório da delegação brasileira, preenchi três fichas que pediam informação da documentação de minha mãe, tia e irmão, para eles poderem visitar a vila paraolímpica amanhã. Quero muito que eles conheçam essa mini cidade com seus encantos e magias. Vai dar saudade quando eu for embora daqui.

Almocei e recebi uma notícia muito triste de um amigo meu da seleção, Rodrigo, que é deficiente visual, o filho dele de três meses morreu no Rio de Janeiro. Nem perguntei a causa, fiquei muito abalado com o acontecido, pensei na minha filha na mesma hora, fiquei com os olhos cheio de lágrimas, ele já nadou uma prova e ainda falta nadar outra, mas decidiu voltar para o Brasil. Dei meus sentimentos a ele e falei para ele ter força para poder ajudar sua esposa. Vamos ficar com um a menos agora na natação.

Voltei para o quarto e descansei um pouco. Fiz uma massagem na fisioterapia e fui ver as finais da natação. Quem brilhou mais uma vez foi Daniel Dias, conquistando uma medalha de prata no 50m borboleta, por pouco, mais muito pouco não foi ouro.

No revezamento 4x100m livre o Brasil ficou em quarto lugar, dois segundos atrás do terceiro, a China. Muito bom o tempo, três segundos abaixo do antigo recorde mundial que pertencia a Inglaterra, primeiro colocada, com a Austrália ficando em segundo lugar.
Voltamos para a vila, jantamos todos juntos. Vim para a internet, como sempre para escrever esse dia. Li bastantes comentários em meu blog, recebendo comprimentos e mensagens positivas, isso me fortalece e me deixa instigado. Continuem escrevendo pois isso torna meu dia mais feliz, escrevam críticas e sugestões, elas serão bem aceitas. Já são dez horas e vou encerrar meu dia por aqui. Até breve.
ATENCAO::: MUDANCA DO CRONOGRAMA 10/09

Devido ao numero exato de equipes participando do Revesamento 4x100m (08 equipes) a organizacao da competicao cancelou as eliminitarorias e inscreveu todas as equipes na final que acontecera pela tarde (horario da China).

Como Marcelo iria participar apenas das eliminatorias pela Equipe Brasileira, o mesmo nao estara nadando nas finais hoje.

As proximas competicoes do Marcelo acontecerao na noite do dia 14/09 (Brasil).

09/09 - Paraolimpíadas - Dia 3 - 100m LIVRE

Acordei as seis da manhã, três horas e meia antes de competir. Preciso desse tempo para que o corpo esteja bem acordado na hora da prova. Peguei minha mochila, coloquei o fone no ouvido e sai para tomar café. Ao sair do prédio me deparei com uma chuva leve, nem quis saber, fui andando até o refeitório pensando se aquela chuva tinha algum significado, pois até então todos os dias em que fui de manhã para piscina não tinha me deparado com ela. Tomei um iogurte com cereais, comi um sanduíche de presunto e queijo e por fim bebi um café para ficar mais ligado.

Peguei o ônibus ainda debaixo de chuva até o Cubo, só pensando na competição, concentrado no tempo desejado e visualizando minha prova. Assim que cheguei fiz bastante alongamento e cai para aquecer. Durante o aquecimento, vi minha mãe , tia e irmão na torcida, foi muito bom sentir a presença deles. Imaginei também meus familiares e amigos que estavam acompanhando pela TV lá no Brasil.


Sai da piscina me sentindo bem, fui colocar o fastskin, que é a roupa que nadamos, falei pela última vez com meu técnico que desejou boa prova e então entrei na área onde ficam os nadadores que vão disputar as provas. Esse local é temido por muitos, pois você fica esperando a hora de nadar, apenas com seus adversários, alguns chamam de sala do desespero ou terror. Eu não vejo dessa forma, fico apenas ansioso e com um friozinho na barriga esperando a hora chegar.


Chamaram a última série dos 100m livre, a terceira, coloquei rapidamente meu óculos e touca e me encaminhei para fila indiana que se forma para a entrada dos atletas. Ainda dei uma conferida no óculos e na touca meio desconfiado. Fomos em direção aos blocos de partida, dei uma tropeçada de leve, coisa rotineira em minha vida, mas a concentração era tanta que nem me importei.


Não escuto mais nada nesse momento, sou só eu e a raia. Coloquei minha mochila e sandalia em um caixote que fica em frente a cada raia, o árbitro deu o sinal de subida no bloco, “take your marks”, toca a campainha. Minha saída foi boa, a segunda melhor da série, mas na entrada da água, aconteceu o que não esperava, entrou água no óculos, nos dois olhos, fiquei sem querer acreditar, mas na mesma hora sabia que tinha que nadar sem parar, dar o melhor. Nadei um pouco atordoado pois só conseguia ver a listra no chão, bastante incomodado com a situação, a virada fiz muito inseguro, nos últimos cinqüenta fiz muita força, queria fazer o tempo que objetivei. Toquei a placa de chegada, tirei os meu óculos e olhei para o placar para ver o tempo. Não foi o que planejava. Fiquei a milésimos de segundo de meu melhor tempo, a casa do segundo foi a mesma , estava frustrado com o que tinha acabado de se passar, um erro meu, que nunca me havia acontecido em competição nenhuma, tinha certeza que poderia ter sido melhor.


Me classificar para final não ia ser fácil, mas queria atingir meu objetivo através do tempo almejado. Sai da piscina, falei com meu técnico que me deu força e esclareceu meus erros e os pontos positivos da prova enfatizando também meus últimos cinqüenta que foi muito bom. Provas de velocidade, não dão espaço para erro nenhum. Errei e não vai ser dessa vez que vou alcançar minha meta nos 100m livre, mas sei que estou muito bem, e vai ficar para outra oportunidade, fiz meu melhor e vou pra cima em minha principal prova, que é os 400m livre dia 15.

Soltei para dar uma relaxada na outra piscina, pensando muito no acontecido, querendo muito outra chance que não existe. Fui até a torcida para dar um beijo em meus familiares, voltando para a vila logo em seguida. Almocei, fiz uma massagem na fisioterapia e fui descansar, estava com dor de cabeça.


Levantei as quatro e meia para ver as finais do dia, André e Phelipe ganharam ouro com recorde mundial e prata respectivamente nos 100 m livre S10. Fiquei feliz por eles e pelo Brasil. Daniel Dias ganhou sua terceira medalha de ouro pela S5 com outro recorde mundial. Fantástico, o Brasil está dando show na natação e me sinto muito feliz em está fazendo parte dessa história.


Voltei pra vila, vim para internet escrever meu diário e agora vou jantar, dormir pois amanhã será um novo dia.

PRIMEIRA PROVA - 100m LIVRE


HOJE, 08/09 -
21 HORAS (Horario do Brasil)
Confira na Sportv, TV Brasil ou na Band.

08/09 - Paraolimpíadas - Dia 2

Despertei as seis e quarenta hoje para ficar no ritmo da competição. Tomei café tranquilamente e peguei o ônibus das sete e meia para o Cubo. Chegando lá, alonguei e cai na piscina principal para fazer um pequeno treino. Nadei uns dois mil metros e me senti super bem. Eu estava bem solto.

Fiquei para ver a eliminatória dos 100m borboleta S10, prova bem disputada onde André Brasil se classificou com o melhor tempo e quebrou o recorde paraolímpico. Daniel Dias se classificou também para a final.

Voltei a vila e fui direto para o quarto. Fui me raspar, fiquei lisinho. Esse procedimento é essencial para nós nadadores, nos deixando com mais sensibilidade e mais rápidos dentro da água. Além disso, a raspagem do corpo meche com o pscicológico do nadador, deixando-o mais apto mentalmente a atingir um melhor resultado. Eu por exemplo me raspo duas vezes por ano, só em competições importantes, assim consigo sentir a diferença e o beneficio que traz esse método.

Treino sempre com duas sungas bem grandes para fazer peso e arrasto. Quando chega a competição, nossa, a diferença é enorme. Descansei um pouco no quarto indo almoçar ao meio dia.

Hoje não faço nada além do essencial. Tomei uma massagem para tirar um pouco da tensão pré-prova, estou um pouco ansioso, quero nadar logo. Treinamos quatro anos para estar naquele dia naqueles segundos o melhor possível. Eu quero estar bem amanhã.

Tornei a descansar pela tarde, levantando as quatro e meia para ir assistir a final. André Brasil nadou a primeira prova das finais, 100m borboleta, ficando com o ouro, estabelecendo novo recorde mundial. Já Daniel Dias ganhou seu segundo ouro nos 50m costas. A natação como sempre dando o que falar.

Voltei para vila e fiz um jantar bem leve, agora estou aqui no salão da internet acabando de escrever esse dia. Vou dormir cedo esperando um amanhã repleto de realizações, muitos estão torcendo e rezando por mim, familiares, amigos, técnico e conhecidos. Vocês tenham a certeza que darei o meu melhor. Obrigado a todos.

07/09 - Paraolimpíadas - Dia 1

Vamos começar por onde parei ontem, no final da tarde, quando toda delegação brasileira se reuniu, as cinco horas da tarde para pegar o ônibus em direção ao estádio olímpico para cerimônia de abertura dos Jogos Paraolímpicos. Nunca vi tanto ônibus junto, um atrás do outro em seis fileiras. Cada país teve seu ônibus especifico. Entramos animados e esperamos a hora de partir. Estava filmando tudo.

O trajeto até o estádio foi muito rápido, olhando pela janela muitas pessoas acenavam em nossa direção, voluntários, crianças, adultos. Gente do mundo todo. Ficamos do lado de fora do ninho de pássaro, aguardando em bancos a hora de entrar. Durante essa espera, foi servido um lanche que veio dentro de um saco, com pão, bolacha, chocolate, salgadinho, banana e leite. Tudo muito bem organizado, como tudo que tenho visto por aqui.

As oito horas se deu início a festa. Falei com minha mãe por telefone e ela já estava sentada na arquibancada com minha tia e meu irmão. A adrenalina já estava tomando conta do meu corpo.

As oito em ponto começou a cerimônia. Fogos de artifício deram início a tudo. Quando escutei e vi os fogos, me arrepiei todo, senti algo impossível de descrever, tudo de bom, me senti bem. Estávamos ainda do lado de fora. O Brasil estava marcado para ser o 28º país a entrar, quando deu oito e vinte a delegação começou a andar em direção ao túnel que da acesso a pista de atletismo. Ao entrarmos no túnel, ouvia-se todo mundo gritar o nome do Brasil, parecia torcida organizada. Já se via ao fundo parte das arquibancadas lotadas, a emoção já me tomava por completo, os olhos enchiam de lágrima, nada de melhor podia me acontecer naquele momento.

Quando pisei na pista, e pude reparar ao todo meu redor aquela imensidão, um formigueiro, fiquei extasiado, pulando e gritando que nem uma criança. Demos a volta quase completa pela pista, filmei tudo e tirei algumas fotos, não queria que aquele momento acabasse.

Nos encaminharam para a parte inferior das arquibancadas, um lugar bom de ver a festa, bem de perto. Ao chegar na cadeira, tinha uma sacola nos esperando com o programa da abertura e alguns brindes incluindo lanternas que nos proporcionaram interagir durante a festa. Nunca vi um espetáculo dessa magnitude, a abertura das Paraolimpíadas de Atenas não chegou nem aos pés dessa, muita tecnologia, apresentações fantásticas, muito bem ensaiadas, impressionante mesmo, milhares de atores, dançarinos, crianças fazendo coreografias muito bem sincronizadas. Os fogos, atores levitando sobre o estádio, presos em cordas. A arte visual estava muito bem elaborada.

Depois do juramento dos atletas e do astiamento da bandeira do Comitê Paraolímpico Internacional, entrou a tocha paraolímpica, que foi revezada por cinco atletas paraolímpicos da China. A penúltima foi entregue a uma atleta deficiente visual que foi guiada por seu cachorro guia. Foi muito lindo ver aquela cena, essa por sua vez, entregou a tocha ao último atleta. Ele recebeu a chama em uma cadeira de rodas, com um adaptador para portar a tocha. Através de seu esforço, com as duas mãos, ele começou a ganhar as alturas puxando uma corda que se posicionava na sua frente em direção a pira, uma técnica de alpinismo que o fez chegar com muito esforço até a parte mais alta do estádio, fazendo com que ele acendesse a pira. Foi incrível!!!! O estádio todo ficou de boca aberta aplaudindo sem parar.

Desse modo acabou aquele que foi sem dúvida um dos maiores espetáculos que já assisti até hoje.

Na saída do estádio dei uma entrevista junto com Mauro e André para a Tv Bandeirantes e voltamos para a vila no mesmo ônibus em que viemos, mas agora com todos os países misturados. Chegamos por volta das onze e meia e caminhamos ao refeitório. Comemos e fomos para a cama dormir.

Hoje acordei as nove e meia, quis descansar um pouco mais, devido a abertura de ontem. Alguns colegas meus já foram competir hoje. Pela manhã, aconteceu as eliminatórias e seis se classificaram para as finais.

Fui tomar café da manhã, levei as roupas para lavar e caminhei para internet para ler notícias e me distrair um pouco. Almocei e fui tirar uma sesta até a hora de sair para a competição, fazer meu penúltimo treino antes de minha prova, depois de amanhã.

Cheguei no Cubo às quatro, alonguei e cai para fazer um treino bem curto, com alguns educativos e um tiros de velocidade. Depois que acabei, fiquei para assistir as finais que começou as cinco da tarde daqui e seis da manhã ai no Brasil. Foi emocionante ver o Cubo completamente lotado, os brasileiros foram bem, mas só um conseguiu medalha. Como eu já previa, Daniel Dias, esse menino é endiabrado. Ganhou o ouro e abriu o quadro de medalhas do Brasil com um recorde mundial nos 100m livre. Vocês ainda vão escutar falar muito nele. Foi muito bom ouvir o Hino Nacional.

Voltamos a vila, jantei e vim novamente para internet escrever tudo que se passou da abertura até agora. Vou tirar aquela soneca agora, quero estar bem para terça. Até amanhã.