-Quero um bom tempo, me superar, vamos lá, você ta bem, vai., vamos lá Collet, são os últimos cem metros...
Bati em terceiro na minha série, olhei para o placar e vi, 4minutos 23 segundos, fiquei feliz com o tempo, abaixei quatro segundos de minha última marca. Sai da piscina e fiquei ao canto assistindo a segunda série nadar, aguardava o resultado dessa para saber se me classificaria para a final. Acabada a segunda série, saiu o resultado dos oito finalistas, classifiquei com o quinto tempo, nem pude acreditar, quatro anos depois e eu estava novamente em uma final paraolímpica nos 400m livre, entre os oito melhores do mundo. Abracei meu técnico, ficamos emocionados, só ele realmente sabe o percurso todo em que passamos até chegar até ali. Minha categoria evolui muito nesses últimos anos e o nível técnico esta cada vez mais alto, surgiram muitos atletas novos, recordistas mundiais e por ai vai, só nós dois sabemos quanto está sendo difícil me manter entre os melhores do mundo e atingir uma meta nos torna mais unidos e forte para vencer novos desafios.
Soltei na piscina de aquecimento e fiz alguns educativos de borboleta para nadar o revezamento que foi a penúltima prova do dia. E lá estava eu novamente, na sala de espera aguardando junto com André, Phelipe e Daniel a hora de entrar para nadar o revezamento 4 x 100m medley. Entramos na piscina para nadar a primeira série, fomos para a raia 3, Daniel abriu o revezamento com o costas, André caiu em seguida no peito, aguardava em cima do bloco a hora dele tocar a placa para nadar o borboleta. Cai forte, passei bem os primeiro cinqüenta, na volta dei uma segurada já pensando na final dos 400m livre. Bati a placa, caindo Phelipe para fechar o reveza com o craw. Aguardamos o resultado da segunda série, ufa, classificamos com o oitavo tempo, um segundo a mais que o nono colocado, a Alemanha. Fui soltar novamente, falei com minha mãe e voltei para a vila, almocei e fui para o quarto descansar. Acordei as três horas, arrumei a mochila, peguei o ônibus e fui ao Cubo para a grande final.
Alonguei, aqueci, e esperei a hora de nadar os 400m, estava mais tranqüilo que de manhã, falei com meu técnico Murilo, que passou uma estratégia em cima dos erros e acertos da prova nadada pela manhã e desejou-me boa sorte, fui para a sala de espera. As cinco e trinta e oito estávamos enfileirados para entrar na piscina, já estava todo preparado, levava comigo a foto 3x4 de Iara que minha esposa mandou para mim. Entramos e me dirigi a raia 2, mostrei para a câmera que fica na frente de todos os nadadores durante a apresentação dos atletas, a foto de minha filha querida, ela me inspira todos os dias. Concentrei olhando fixo para a água, mentalizando tudo que tinha que fazer ali naquele momento. Deu a largada e cai forte, pensando em fazer um tempo melhor. A prova foi bem forte, nadei dando meu máximo, me senti um pouco mais cansado que pela manhã. Fechei os 400m na mesma casa de segundo que fiz de manhã porém alguns centésimos mais rápido. Fiquei feliz, não totalmente satisfeito, acabei a prova em sexto lugar. Tirei um peso enorme de minhas costas ao final da prova, quanta pressão. Me cobro muito com relação ao meu desempenho mas sai com a sensação de dever cumprido. Abracei meu técnico e fui soltar para nadar a final do reveza, minha última prova da competição.
Entramos na sala de espera, os quatro estavam muito felizes de estar acabando a competição, foram nove dias de competição, muitas medalhas, muito trabalho e consequentemente muito cansaço. Nosso reveza não era um dos favoritos, mas estávamos dispostos a dar o máximo para conseguir o melhor resultado. Entramos e fomos até a raia oito, Daniel abriu o reveza com o nado costas, dando seguimento com André no peito e eu caindo no borboleta, nadei dando meu máximo, bati na placa para Phelipe fechar com o craw. Ficamos em oitavo, nosso tempo superou a antiga marca feita no Parapanamericano no Rio de Janeiro em 2007. O barulho no Cubo era de assustar, a China ficou em primeiro fazendo o parque aquático tremer. Despedi de minha mãe, irmão e de minha querida tia Lúcia, troquei uma camisa com a Inglaterra e voltei para a vila. Fui direto para o refeitório, comi bastante no Mc Donalds, tomei coca cola com os amigos e voltamos para o quarto. Tomei um banho, já eram onze horas, coloquei uma roupa e fomos para uma boate, onde todos atletas da natação se confraternizaram em uma linda festa. Dancei bastante e dei boas risadas com os amigos. Voltamos para a vila, desmoronando de vez na cama.
Nenhum comentário:
Postar um comentário