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02/08 - Beijing

Hoje faltam exatamente uma semana para eu cair na água para os 100m livre na minha categoria S10. Nas paraolimpíadas, na natação, competem atletas com dois tipos de deficiência, uma, físico-motor, que é dividida em dez classes, de S1 a S10, sendo S1 atletas que possuem um nível maior de deficiência e S10 um menor grau, que é o meu caso e a outra por deficientes visuais que estão divididos em três classes, de S11 a S13 classificados de acordo com o grau de visão.

Para você obter sua classificação se faz necessário passar por uma banca avaliadora formada por três especialistas que o avaliam fora e dentro da piscina, lhe encaixando em uma categoria que seja de acordo com o seu nível de deficiência.

Fomos treinar as sete e meia, no cubo, na piscina de soltura, que é muito boa. Fiz um treino tranqüilo hoje, sem séries fortes mas com ênfase na técnica de nado. Sai da piscina e tomei uma massagem lá mesmo.

O Cubo tem uma estrutura fantástica, com macas ao redor, pontos de hidratação a toda volta, banheiros bem instalados elevadores diversos, tudo muito bem adaptado para receber pessoas com deficiência.

Voltamos à vila e fui direto a zona internacional, tentar comprar os ingressos, para minha mãe, tia e irmão que estão chegando amanhã para torcer por mim e passar aquela força. Ela sempre está nos momentos mais importantes de minha vida.
Nossa como foi complicado comprar esses ingressos, desde o Brasil tentando, e nada, parecia até impossível adquiri-los. Quando cheguei no local que vendia disseram que era limitado o número de ingresso por pessoa, seis apenas, mas dei aquele jeitinho brasileiro e comprei todos para os dia que vou nadar.

Apesar da enorme fila e o sol quente na cabeça, estou mais tranqüilo, mamãe estará lá. Almocei novamente naquela tentação que é o refeitório, o de sempre e fui para o quarto descansar.
O treino da tarde foi as três horas, na piscina principal do Cubo D’agua, Ao chegarmos lá, a organização do evento estava fazendo o ensaio da premiação, me arrepiei ouvindo a música da cerimônia. Porque não eu? Farei o meu melhor, isso tenho certeza, se vier medalha será conseqüência, se não, a vida continua.

Fiz bastante alongamento, um pouco de abdominais e cai na água, fazendo um bom aquecimento e em seguida uma série de velocidade, fiz a soltura, que é importante para retirar todo acido lático do corpo e sai bem da piscina, tinha muita imprensa do Brasil. Clodoaldo ainda sem resolver seu futuro, conseguiu adiar sua reclassificação para quinta feira, sem saber ainda se vai fazê-la, mas achei ele um pouco mais interessado e animado, indo treinar pela manhã e a tarde, estou começando a achar que ele vai fazer, que assim seja.
Fiquei reparando um chinês treinando e que não tinha os dois braços. Impressionante como suas pernas se moviam rápido, pareciam um motor de popa, fazendo muita espuma por onde passava.
Em Atenas no refeitório, quando estava almoçando, um chinês sem os dois braços, sentou em minha frente, na mesa, pegou o garfo com um pé, a faca no outro e começou a comer sem problema algum, com movimentos finos, levando o o garfo a boca e cortando os alimentos sem nenhuma dificuldade. O ser humano é muito passível de adaptação, basta querer. Quem manda mesmo na gente é a cabeça, o resto, obedece.
Voltamos a vila, levei minhas roupas para lavanderia e fui jantar. Estou agora escrevendo esse dia, aqui na área de jogos, vídeo games e internet e vou acabar meu dia, lá no quarto, ouvindo uma música e lendo meu livro: “ A arte da Felicidade “ sobre Dalai Lama, ser feliz é preciso ! Até amanhã.

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